sábado, 13 de setembro de 2008

Manifesto do PC do Bebê

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Um espectro ronda a esquerda: o espectro do eleitoralismo. Todas as potências do velho conservadorismo unem-se com grata satisfação para celebrá-lo; magnatas e caudilhos, fundamentalistas e neoliberais, os nacionalistas da França e os neonazistas da Alemanha.

Que tendência de oposição não foi acusada de eleitoralismo por seus adversários no poder? Que tendência de oposição, por sua vez, não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de cupulista?

Duas conclusões decorrem desses fatos:

1. O eleitoralismo da esquerda já é reconhecido como realidade pela opinião pública mundial.

2. É tempo de os esquerdistas insatisfeitos exporem à face do mundo inteiro seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto da própria esquerda à lenda do espectro do eleitoralismo. Com este fim, reuniram-se no Brasil esquerdistas de várias nacionalidades e redigiram o manifesto seguinte, que deverá ser publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo, dinamarquês, espanhol, português, tupi-guarani e esperanto.

1 - Partimos do pressuposto de que largas parcelas da esquerda atual padecem de um cupulismo sem solução. E não podendo aplicar o princípio democrático do camarada Stalim, segundo o qual “as pequenas divergências desaparecerão no processo, mesmo que, para isso, deva desaparecer o companheiro”, teremos de esperar que esses esquerdistas morram democraticamente, para que, no futuro, se possa acertar o passo nas lutas sociais. Sendo o vírus do cupulismo muito mais poderoso, recorrente e transmissivo do que o da AIDS, admite-se que as gerações próximas da atual estão irremediavelmente contaminadas por ele, tornando-se desqualificadas para uma reversão do estado de coisas em vigor.

2 – Dirigimo-nos, portanto, aos bisnetos dos que nascerem no ano 2.025, admitindo que eles já deverão estar devidamente distanciados da praga de cupulismo que assola a esquerda atual. Por essa época, a mobilização para o exercício da cidadania deverá ter início aos sete anos de idade. E para evitar o corporativismo, essas crianças, em lugar de partirem das suas próprias reivindicações, começarão pela ação de solidariedade, na defesa dos direitos dos fetos e dos bebês. Interessados neste processo, colocamos uma pauta para discussão, imaginando que ela possa contribuir para a mobilização infantil e a formação do futuro PC do BeBê – Partido das Crianças e dos Bebês

3 – Levantamos a hipótese de que, através de alguma comunicação extra-sensorial entre os infantes militantes, os bebês e os fetos instalados nas barrigas das mães, possam surgir modalidades de militância pré-natal, colocando os riscos de divergências e até de rachas intrauterinos entre os pré-cidadãos, no caso de gêmeos. A perspectiva da pré-cidadania no terceiro milênio constitui um espaço aberto a encontros, debates, seminários, concursos, monografias, dissertações acadêmicas, abordagens ficcionais e formação de ONGs.
Que os interessados façam os seus jogos.

[Seguem-se 12 itens]

Conclusão

O PC do BeBê não se rebaixa a dissimular suas opiniões e seus fins.

Proclama abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela superação do padrão de militância atual e pela derrubada radical de toda a ordem social existente. Que as classes e os militantes dominantes tremam à idéia de uma revolução comandada pelo PC do BeBê. Os fetos, os bebês e as crianças nada têm a perder, a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.

CRIANÇAS E BEBÊS DE TODOS OS PAÍSES: UNÍ-VOS!

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